André e Thiago estavam apavorados, a hora dele estava pra chegar. Susi iria morrer no centro da cidade, no meio de uma tempestade. E tudo que tinha naquele momento era um sinal... uma pessoa que já lidou com a Morte, e pouco, muito pouco tempo!
-Temos que ir mais rápido!-Thiago disse, disparando na frente.
Eles já ouviam os trovões e raios cortando o céu, Thiago entrava em desespero a cada momento, pensando que a tempestade já podia ter matado Susi.
-Calma Thiago!-André tentava acompanhar o amigo- Nós conseguiremos salvá-la!
Eles correram mais ainda.
Num desespero incontrolável.
Numa esperança pequena.
Numa velocidade máxima.
Eles chegaram ao centro da cidade.
-Susi!-Thiago gritou, vendo Susi descer de um ônibus, enquanto vários pingos da chuva caiam sobre ele.
-Por que decidiu me encontrar nessa chuva?-Susi perguntou com a mão sobre a cabeça.
-Cuidado com os raios!-André gritou, quando a tempestade ficou mais forte.
Raios ficavam mais perto deles. Susi tomou um susto, quando um deles atingiu uma árvore.
-A Morte está aqui!-André gritou.
-Droga!-Susi disse, correndo ao encontro dos amigos.
-Preciso protegê-la dos raios!-Thiago disse, correndo para Susi.
-Não!-Kevin avisou, sabendo que a Morte o mataria também.
Thiago e Susi se abraçam e se beijam.
-Você vai ficar bem!-Thiago falou baixo para Susi.
-O poste de luz!-Kevin gritou, vendo um raio quebrá-lo e vindo esmagar Susi e Thiago.
Kevin os separa, o poste o atinge na perna, e ele fica caído no chão.
-Kevin!-André gritou tentando ajuda-lo.
-AAAAAAHHHH!!!!-Kevin agonizava de dor.
Outro poste de luz cai, faz Susi e Thiago se separarem, o poste de luz cai no chão, e quica até a lâmpada ficar no rosto de Kevin.
-Droga!-André exclamou, vendo que o rosto de Kevin estava distorcido e iluminado como na foto.
-AAAHHH!!!-Kevin gritou, enquanto a lâmpada o queimava e rachava.
-Vou te ajudar!-André disse, tentando levantar a lâmpada.
Um raio atinge um poste, vários fios começam a se contorcer. Um deles vai atingir Susi.
-Susi!-Thiago gritou, agarrando-a e fazendo Susi desviar do fio.
Thiago acaba caindo numa poça de água, outro fino fio cai na poça e mata Thiago eletrocutado.
-Thiago!-Susi gritou.
-Não Susi!-André a segurou-Você irá ser eletrocutada!
-Não! Thiago!-Susi chorava em meio à chuva, enquanto Thiago se contorcia com a eletricidade. André tentou ajudar Kevin mais um pouco, enquanto Susi chorava.
A lâmpada queimava Kevin ainda mais.
-Sai daí André! Vai explodir!-Susi gritou, quando a lâmpada se rachou e fez um fogo se espalhar pelo corpo de Kevin, o poste de luz explode por completo.
***
André também estava com muita raiva. Raiva da Morte. Dó do pai de Thiago, perder a futura esposa e o filho. Dó de Susi, pois os dois tinham acabado de começar a namorar.
André pegou um táxi e levou Susi até a sua casa.
-Você vai ficar bem?-André perguntou.
-Vou... –Susi disse cabisbaixa.
-Eu também estou triste!-André disse, tentando consola-la.
-Ele morreu pra me salvar!-Susi disse, fazendo uma lágrima escorrer.
-Todos que o conhecem estão tristes!-André disse, lembrando-se do pai aos prantos enquanto o IML levava o corpo de Thiago.
-Eu... eu vou me deitar... –Susi disse, entrando.
-Fica bem... –André falou.
André voltou para o táxi e se dirigiu para sua casa.
Entrou nela, sua mãe estava assistindo o JN (Jornal da Noite).
-Oi mãe... –ele disse triste.
-Oi filho!-ela disse abraçando-o-Eu estava preocupada. Estava vendo o jornal, um garoto morreu na tempestade...
-Foi o Thiago... –André disse chorando.
-Ai... ô meu filho... –ela disse, consolando-o.
André comeu alguma coisa e subiu, ficou deitado em sua cama, pensando em Thiago. No sofrimento de Susi. E que ninguém pode escapar da morte. Kevin morreu...
Ele se lembrou de que ele era o próximo da lista.
Pegou uma fita e tampou a tomada. Guardou todas as suas coisas perigosas num armário. E colocou uma cadeira para completar.
-A Morte não vai me pegar!-André disse confiante.
Ele se sentou em sua cama e voltou a pensar. Sua mãe entrou em seu quarto.
-Oi filho... –ela disse com um pouco de receio.
-Oi mãe... –ele respondeu desanimado.
-Vim avisar de uma coisa... -ela disse-O pai do Thiago veio aqui, ele avisou que amanhã será o memorial e o enterro dele.
-Tá bom mãe... –André disse, capotando em sua cama. Sua mãe saiu do quarto. Então ele voltou a pensar.
Foi tomar um ar lá fora, pegou uma bola de basquete e tentou fazer uma cesta. Errou. A bola foi para o meio da rua. André correu pegá-la. Então aconteceu, um carro veio e o arremessou alguns metros. Ele ouviu o motorista sair desesperado.
-Você está bem?-o motorista perguntou.
-Tô... tô sim!-André disse, se levantando.
-Não quer que eu leve-o para um hospital?-ele insistiu.
-Não, não! Estou bem!-André insistiu.
-Tá bem então... –o motorista disse, entrando no carro e indo embora.
André subiu no quarto e ficou de frente para o espelho. Examinou seus braços. Tirou sua camisa. Nenhum arranhão. Olhou seus joelhos. Nada.
-Será que eu escapei da Morte?-ele se perguntou.
Sentou em sua cama e pensou.
-É isso!-ele disse- Eu não morri! Kevin me salvou!
Ele ficou com a ideia na cabeça. E dormiu se preparando para dar adeus ao seu melhor amigo.